Pesquisa do programa de pós-graduação do Ibict investiga a implementação da ACV no Brasil

Publicado dia 22/08/2016

Os resultados foram divididos em 3 etapas: uso e aplicação da ACV, relação entre ACV e eco-inovação, e propostas para a implementação eficiente da ACV

Um estudo coordenado pelo pesquisador Wladmir Henriques Motta investigou o papel das metodologias em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) na geração de eco-inovação e redução dos impactos ambientais decorrentes das atividades produtivas no Brasil. Ao todo, 106 entrevistados de 30 países responderam à pesquisa, bem como 29 pesquisadores brasileiros em ACV. Os resultados foram divididos em três etapas: uso e aplicação da ACV, relação entre a ACV e eco-inovação, e propostas para a implementação eficiente da ACV.

A tese intitulada “Ciclo de Vida do Produto e a Geração de Ecoinovações: desafios para o Brasil” foi defendida por Motta em abril de 2016 pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, convênio entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Teve orientação da professora doutora Liz-Rejane Issberner e co-orientação da professora doutora Patricia Andréa do Prado Rios.

A pesquisa foi composta de uma revisão bibliográfica, que busca fornecer o estado da arte sobre os temas abordados, e de uma pesquisa de campo. A pesquisa de campo teve escopos distintos pautados no questionário internacional e nacional. O questionário internacional foi divulgado pela newsletter da Life Cycle Initiative de novembro/dezembro.

A relação existente entre ACV e eco-inovação foi percebida por 90,7% dos entrevistados internacionais e por 96,3% dos entrevistados brasileiros. Verificou-se também, que a ACV possui características semelhantes aos processos de eco-inovação, tendo um papel importante na transição para uma sociedade mais ambientalmente conscientizada e comprometida.

O estudo propõe duas formas de promoção à implementação efetiva de ACV em empresas brasileiras. A primeira é baseada no uso de rotulagem ambiental (tipo III) como forma de impulsionar o uso da ACV no Brasil; a segunda baseia-se na utilização da pegada de carbono como um primeiro passo para a implementação da ACV.

Rotulagem e Pegada de Carbono
Sobre a rotulagem ambiental, 81,7% dos entrevistados internacionais relataram que esta poderia ser um facilitador para a divulgação e implementação da ACV. Entre os entrevistados brasileiros, 76,9% compartilham a mesma opinião. Ainda assim, nota-se uma percepção negativa sobre a aplicação efetiva da rotulagem ambiental em curto prazo no Brasil. “Poderia haver prejuízos quanto à qualidade e amplitude do estudo. Além disso, ao ser implementada para este intuito, a ACV não geraria necessariamente, na empresa, o entendimento dos benefícios do pensar orientado ao ciclo de vida”, analisa o pesquisador.

A respeito da utilização da pegada de carbono, 88,7% dos entrevistados internacionais a entendem como um facilitador para a divulgação e implementação da ACV, uma vez que pode ser usada inicialmente para que as empresas possam conhecer e se familiarizar com abordagens que levem em consideração o Pensamento do Ciclo de Vida (PCV). Para os entrevistados nacionais esse percentual foi de 81,5%. “A proposta é de ter a pegada de carbono como primeiro passo para as empresas começarem a entender e trabalhar com a abordagem do Ciclo de Vida e que, a partir desta primeira experiência, possam evoluir para a metodologia reconhecidamente mais completa que é a ACV”, explica Motta.

O uso da pegada de carbono ainda corrobora diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) firmados na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP 21). “Pode-se somar aqui outro fator favorável, que foi o lançamento do selo de pegada de carbono da ABNT”, conclui o pesquisador.