A consciência é a percepção da relação entre um ser pensante e o ambiente que o rodeia. Ao pensar, o ser se torna consciente, pois adquire conhecimento através das experiências vividas. Esta é uma condição humana, da qual não podemos nos furtar. Desde que acordamos, em todos os momentos estamos estimulando os nossos sentidos e assim percebendo o mundo: o barulho do despertador, a água fria no rosto, o cheiro do café, o sabor do pão, o pássaro na janela, etc. Ao longo do dia, vamos tendo experiências que vão sendo “gravadas” em nossa consciência.
O pensamento ocidental tem sido marcado desde há muito tempo pela fragmentação dos sistemas que nos rodeiam. As relações intrínsecas entre e dentro destes sistemas têm sido negligenciadas. Assim, a consciência humana tem sido construída em partes distintas, como gavetas em uma cômoda, nas quais as experiências são guardadas e isoladas de outras gavetas ou sistemas com quem invariavelmente têm relações causais.
Esta forma de perceber e pensar o mundo é limitada e excludente. A noção das partes sem entender as inter-relações não permite a compreensão do todo. Há centenas de anos, Aristóteles percebeu que o todo é maior que a simples soma das partes que o constituem. E assim, não percebemos que, ao não considerar as inter-relações, provocamos interferências nos sistemas que posteriormente serão percebidas por todos.
Este é o caso dos sistemas produtivos humanos, nos quais há interferências constantes nos ciclos que os compõem. A interrupção ou quebra de ciclos em um sistema gera impactos que afetam o meio ambiente e a qualidade de vida dos seres vivos. Um exemplo claro e evidente é o ciclo da água. O desmatamento de uma área onde há uma nascente expõe o solo e o torna impermeável. Assim, a água das chuvas não infiltra e não retorna ao lençol freático. As chuvas começam a provocar a lixiviação, levando partículas do solo aos lagos e rios, os quais passam a se tornar mais rasos. As consequências óbvias no curto/médio prazo são as enchentes e no médio/longo prazo a escassez hídrica.
O Pensamento do Ciclo de Vida (PCV) propõe uma forma de pensar que agrega os sistemas e preserva as suas inter-relações, de maneira a compreender o todo dos sistemas produtivos e identificar os pontos críticos em seus subsistemas, processos e fluxos. Trata-se de um processo de conscientização da condição sistêmica dos processos produtivos que se inter-relacionam com os ambientes naturais e causam impactos ambientais.
Diante dos problemas ambientais que a humanidade está enfrentando, o PCV não é uma opção, mas sim a forma de avaliar tais problemas e prever ações mitigadoras. O PCV permite compreender porque o pássaro que se aparecia na janela da cozinha já não aparece mais, e ainda, o que fazer para trazê-lo de volta.