Publicado dia 29/06/2018
Projeto aplica metodologia da ACV na mensuração dos impactos ambientais do atual modelo de produção do nióbio.
O Seminário “Economia Circular e Avaliação do Ciclo de Vida: oportunidades e ameaças para Materiais Críticos” foi realizado nesta terça-feira (19) em Brasília, no contexto do VI Congresso brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida GCV2018, no Espaço Memorial Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília (UnB).
O projeto nasceu da convergência entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) – instituições vinculadas ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações (MCTIC) –, em parceria com o Joint Research Centre (JRC), no âmbito da Iniciativa de Apoio aos Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil. Para Tiago Braga, Coordenador de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos do IBICT, essa união tem sido fundamental.
“Os Diálogos Setoriais tiveram uma guinada brilhante na 9ª Convocatória ao priorizar projetos construídos em conjunto por instituições brasileiras e europeias. Precisamos de mais projetos que permitam o compartilhamento de informações entre pesquisadores brasileiros e da Europa sobre a temática ACV, economia circular, ACV social, ecoinovação, para que possamos construir as melhores soluções e um mundo melhor para se viver”, afirma Braga.
O objetivo do projeto é apresentar um quadro ambiental de oportunidades e ameaças do nióbio brasileiro, utilizando-se como embasamento conceitual a Economia Circular e a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Segundo Costanzo Fisogni, coordenador de projetos da DELBRA (Delegação da UE no Brasil), esse projeto é um exemplo de que existe uma parceria da União Europeia com o Brasil que vai além do mero diálogo.
“Existem atividades concretas. Temos mais de 30 projetos em funcionamento e estamos aprovando outros 15 na 10ª Convocatória. O importante é transformar a teoria em prática e sobretudo trabalhar com as pessoas, os especialistas, que lidam diretamente com os problemas que os países enfrentam e apoiá-los na busca por soluções”, ressalta Fisogni.
Resultados
No seminário, as peritas contratadas pelo projeto, Marzia Traverso, Diretora do Instituto de Sustentabilidade em Engenharia Civil da RWTH Aachen University (Alemanha), e Efigênia Rossi, pesquisadora do Departamento de Engenharia de Produção (SEP), da Universidade de São Paulo (USP), apresentaram resultados preliminares de suas pesquisas, assim como os próximos passos para o alcance dos objetivos definidos para o projeto.
A metodologia da ACV será aplicada na mensuração dos impactos ambientais do atual modelo de produção, de forma a verificar como esses impactos interagem com a proposta de circularidade da economia.
“Na missão técnica que fizemos à Europa, pudemos visitar várias empresas, como AcelorMittal, Renault e Philips, e ver alguns aspectos da economia circular que já são incorporados à produção de produtos que utilizam o nióbio. Foi interessante perceber no dia a dia que as pessoas já têm a mentalidade de economia circular e falam do assunto com naturalidade”, conta Efigênia.
Atendendo a demanda do JRC, também será realizada a aplicação da metodologia de ACV Social, verificando a possibilidade de essa ferramenta ser utilizada como insumo para avaliação de criticidade de matérias primas minerais.
“Ninguém dava atenção ao ACV Social até pouco tempo atrás. Mas aí começaram a acontecer desastres e escândalos, e o interesse da mídia no assunto fomentou a preocupação das empresas com esse aspecto, que tem impacto direto em sua imagem. O ACV Social mede o impacto negativo e também o positivo. Avaliamos as consequências ambientais do uso do nióbio na vida das pessoas, por exemplo, mas também consideramos os benefícios sociais que a indústria traz para uma comunidade, como oportunidades de emprego, salário”, explica Marzia.
As próximas etapas do projeto são de coleta de dados, validação dos indicadores de ACV e, por fim, a aplicação desses indicadores.
Fonte: Diálogos Setoriais