Versão preliminar da Rota Estratégica para Banco de Dados em ACV é lançada em Brasília

Publicado dia 03/09/2019

O lançamento aconteceu no MCTIC com a presença dos autores e apoiadores da iniciativa

Está disponível para leitura a versão preliminar da “Rota Estratégica para Banco de Dados em Avaliação do Ciclo de Vida”, lançada no dia 29 de agosto de 2019 no auditório do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por meio da Secretaria de Políticas para Formação e Ações Estratégicas (SEFAE).

O documento, escrito por Cássia Ugaya (Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR), Cristiane Sampaio (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO), Juliana Gerhardt, Tiago Braga e Thiago Rodrigues (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT) e Marília I. S. Folegatti (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa) foi criado com o objetivo de promover estratégias para o crescimento e o fortalecimento do Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil) a partir das discussões no Grupo de Trabalho “Rota Estratégica de Base de Dados Nacional de Avaliação do Ciclo de Vida”.

Como explica Tiago Braga, que esteve no evento como diretor-substituto do IBICT, representando Cecília Leite, o Brasil vem se destacando ativamente nas discussões nacionais e internacionais sobre sustentabilidade. “No que diz respeito à ACV, o Brasil tem participado de várias redes, dividindo espaço igualmente com vários países e instituições que têm reconhecido conhecimento sobre a área. No âmbito dessas iniciativas é que surge a oportunidade de criar uma rota para a composição do Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida”, detalhou Tiago.

Entre os aspectos vitais para a evolução do trabalho conduzido pelo IBICT da ACV no Brasil, Tiago Braga reforçou a importância do apoio concedido pelo MCTIC. “Esse apoio permite que a qualidade técnica das discussões se sobressaia e qualifique a atuação de todas as pessoas envolvidas nesse contexto. É uma ação estratégica e fundamental, pois nos vários eventos que têm sido promovidos, percebe-se que a bioeconomia é um caminho sem volta. Tanto a economia circular quanto a ACV contribuem para essa discussão e para qualificar o Brasil no cenário internacional”, acrescentou Tiago Braga.

A Rota Estratégica e o SICV Brasil – Durante o evento, Thiago Rodrigues, especialista em ACV e pesquisador da Coordenação de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos do IBICT (COTEA), explicou que o SICV conta com o cadastro de 22 inventários cadastrados e de mais de 500 em processo de conversão. “Um dos propósitos da Rota Estratégica é preencher as lacunas e buscar a resolução dos problemas para que o SICV Brasil possa avançar como uma ferramenta útil para a formulação de políticas públicas, para o setor produtivo e sociedade como um todo”.

Thiago Rodrigues detalhou que além das barreiras envolvidas na conversão de formato dos inventários há outros problemas para o crescimento do SICV, tais como a necessidade de capacitação de profissionais na área, o financiamento dos inventários, a articulação e o fortalecimento entre academia, governo e iniciativa privada e a necessidade de mais infraestrutura às atividades desenvolvidas para a manutenção do banco de dados.

Uma espécie de versão embrionária do SICV foi lançada desde 2006, no projeto “Inventário de Ciclo de Vida Ambiental para Indústria Brasileira”, financiado e comissionado pelo MCTIC, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Desde então, surgiram diversos esforços de capacitação e promoção de eventos para discutir a utilização da ACV na realidade brasileira.

A professora Cássia Ugaya, da UTFPR, detalhou durante o evento que o SICV é uma ação fundamental para destacar o país na construção de inventários de ACV: “O Brasil também poderá auxiliar no apoio técnico para que outros países que estejam interessados elaborem a sua própria rota estratégica”. A professora acrescentou que, durante as atividades da Rota Estratégica, foram enviados e-mails para profissionais e especialistas atuantes em ACV em todo o país e que, entre os problemas apontados, foi reforçada a necessidade de capacitação de pessoal e financiamento para a produção dos inventários.

A Rota Estratégica de Base de Dados Nacional de Avaliação do Ciclo de Vida está inserida no projeto internacional para o Desenvolvimento de Rotas Nacionais de Base de Dados de ACV que, por sua vez, é parte do projeto Eficiência de Recursos por meio da Aplicação do Pensamento de Ciclo de Vida (Resource Efficiency through Application of Life cycle thinking – REAL) da Iniciativa de Ciclo de Vida da ONU Meio Ambiente e é financiada pela Comissão Europeia.

Além da UTFPR, do INMETRO e da Embrapa, a iniciativa conta com apoio do MCTIC,  da Rede ACV e da Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV).

“Mapa do Caminho para a Economia Circular no Brasil” – Durante o evento, também foi realizado o lançamento do projeto de assistência técnica “Mapa do Caminho para a Economia Circular no Brasil”.

Executado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), o estudo vai identificar os principais atores, iniciativas existentes, oportunidades e desafios para a implementação de um modelo de economia circular no Brasil.

Oposta à economia linear, onde os produtos são descartados logo após o uso, a economia circular visa promover o desenvolvimento econômico sustentável com foco em aproveitar ao máximo a vida útil de componentes e recursos naturais por meio da mudança de processos industriais, redesign, reuso e reciclagem. O MCTIC faz parte do projeto por meio da Coordenação-geral do Clima e a expectativa é que o trabalho seja concluído no ano que vem.

O secretário de Políticas para Formação a Ações Estratégicas do MCTIC, Marcelo Morales, explica que o Brasil possui a maior biodiversidade do mundo e que preservar essa condição é essencial para gerar riquezas. “A aptidão do Brasil é a bioeconomia. Nós temos que investir cada vez mais nesse campo e na manutenção da biodiversidade. Precisamos utilizar o conhecimento que existe para produzir a riqueza que o país necessita para benefício da população, da indústria e da agropecuária, por exemplo”, disse.

Segundo Alessandro Amadio, representante da Unido no Brasil, o estudo também será aplicado no México, Chile e Uruguai. A intenção é apontar um modelo em que diferentes cadeias produtivas conversem entre si. “A economia circular é muito mais que reciclagem. É uma visão de economia mais aberta em que os componentes da cadeia de valor se comunicam entre si, o que permite otimizar os fatores de produção de forma a gerar mais emprego, renda e tecnologia”, afirmou.

Bruno Nunes, coordenador-geral de Bioeconomia do MCTIC, acrescentou que é preciso pensar no desenvolvimento de uma bioeconomia que seja sustentável e circular. “Também se deve pensar em políticas públicas que sejam sustentáveis e atendam à redefinição dos processos econômicos. Vale considerar que para a promoção do desenvolvimento sustentável e da economia circular é preciso entender sobre os ciclos de vida dos produtos. Nós temos a ACV como uma das principais ferramentas de mensuração e de gestão da sustentabilidade, de entender onde estão os pontos críticos. Nesse âmbito, a economia circular é vital”, explicou.

Clique aqui para acessar a versão preliminar do documento.

 

Fotos: Neila Rocha/ASCOM/MCTIC